Inevitavelmente veríamos um novo campeão; inevitavelmente cairia um tabu, fosse o trauma do vice holandês, fosse a síndrome que deixava a fúria espanhola contida num simples grito.
Nessa atmosfera, Holanda e Espanha duelaram hoje para definir quem teria o privilégio de se juntar aos outros sete campeões mundiais.
O jogo trouxe um panorama dentro do previsto, com os espanhóis dominando a posse de bola, enquanto os holandeses tentavam quebrar o ritmo com faltas e muita marcação. O jogo teve um nível desnecessário de violência, com um número altíssimo de cartões.
A Espanha teve as melhores chances e o nome do primeiro tempo foi Sérgio Ramos, que quase marcou em duas oportunidades. A Laranja ia se acalmando e equilibrando as coisas e assim, passamos a ter um jogo mais aberto, mas que não trouxe gols na etapa inicial.
O segundo tempo começou da mesma forma, com espanhóis buscando mais o resultado. Porém foram os holandeses que criaram a melhor chance, desperdiçada por Robben, que na cara de Casillas, viu a muralha crescer e fechar o ângulo. Outra vez Sérgio Ramos teve em sua cabeça a bola do jogo, que acabou saindo sem direção.
Uma prorrogação inevitável se aproximava para testar os nervos dos times e de seus torcedores. Muita cautela, cansaço e poucas chances, mas ainda assim, uma Espanha disposta a encerrar o drama antes das penalidades. A expulsão de Heitinga deixou os laranjas preocupados em se segurar, para garantir o título com seu goleiro gigante, Stekelenburg.
Porém, veio a qualidade, fator que quase sempre prevalece sobre a força. Numa arrancada de bola, Navas correu, quase perdeu a bola, que caiu nos pés de Iniesta, passou por Fábregas e encontrou Torres, que tentou lançar para Andrés participar mais uma vez. A zaga cortou, Fábregas reaproveitou e deixou o camisa 6 na cara do gol, que apenas esperou o quique da bola para fuzilar a meta holandesa, derrubando assim a última fortaleza do Mundial.
Eram jogados 12 minutos do segundo tempo da prorrogação, praticamente um gol de ouro, que trouxe polêmica e desespero para a nova geração dos Países Baixos. Pouco tempo restava, sobrava adrenalina mas faltou o detalhe. A Holanda continuou vice.
Fim de jogo, Iniesta ao chão, Casillas às lágrimas e Espanha aos céus. Finalmente o futebol espanhol superou seu maior trauma, superou a si mesmo e pôde enfim comemorar o título mundial, juntando-se ao panteão de heróis da Copa do Mundo.
Uma noite de gala, num dia de Fúria.
POSTADO POR NÓIA